Segundo o tribunal, no período a Sabesp fechou 46 contratos para tentar despoluir o rio e 28 deles ainda estão em execução e somam o total de R$ 1,7 bilhão.
A despoluição do Rio Tietê em São Paulo já consumiu R$ 2,156 bilhões dos cofres públicos, segundo dados do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que acompanha a situação dos contratos da Sabesp. De acordo com o tribunal, nos últimos 10 anos foram assinados 46 contratos para o programa de despoluição do rio, tocado pelo governo de São Paulo e pela empresa de abastecimento, que somaram o total de R$ 2.156.874.361,52.
Dos contratos já assinados no período, 28 deles ainda estão em execução e somam o total de R$ 1,7 bilhão. Outros 14 já foram concluídos e totalizam R$ 1,05 bilhão. O programa de despoluição tem ainda dois contratos paralisados que somam R$ 469 milhões e outros dois que foram rescindidos ao longo de 10 anos, que chegam a R$ 57 milhões.
Falta de transparência nos gastos
Segundo o ONG S.O.S Mata Atlântica, apesar do alto valor aplicado pela Sabesp no programa, o Rio Tietê está longe de estar despoluído e apresenta ainda águas turvas e escuras. Para a diretora da ONG, Malu Ribeiro, os órgãos governamentais precisam ter mais transparência nos gastos. “Se os rios não estão com a água transparentes ainda e estão com as águas turvas e poluídas, a prestação de contas desses investimentos tem que ser cristalina, transparente e a sociedade tem que acompanhar”, disse ela.
Malu Ribeiro também firma que a despoluição de um rio também depende de investimentos em outros setores sociais que impactam na limpeza das águas. “Vejo essa pandemia, crise econômica que o país está vivendo, desmonte de legislação ambiental… Isso tudo leva ao aumento de ocupações irregulares, a falta de moradia digna, mais pessoas morando inclusive nas ruas e, portanto, sem acesso aos serviços de saneamento. Quando um município não coleta os resíduos sólidos, não coleta o lixo adequadamente, não faz reciclagem ou a agricultura pulveriza rios e mananciais com agrotóxicos, fertilizantes e poluentes químicos, tudo isso vai refletir na precária qualidade da água. É como se fosse enxugar gelo. O saneamento no Brasil está sempre correndo atrás do prejuízo. E recuperar esse prejuízo demora muito e exige muitos investimentos”, avalia ela.
O que diz a Sabesp
A gerente de planejamento e controle da Sabesp, Andreia Ferreira, afirma que a empresa já conseguiu resultados importantes no projeto de despoluição, que conectou mais de 12 milhões de pessoas aos sistemas de tratamento de esgota, ajudando a melhorar o rio. Ela diz, entretanto, que esse trabalho de saneamento na região metropolitana de SP deve terminar apenas no final da década.
“O projeto começou já faz quase 30 anos, tem 28 anos. E o nosso maior objetivo é buscar coletar e tratar o esgoto das famílias. Desde que o projeto começou, a gente tem feito uma avaliação ano a ano e a gente já consegui agregar ao sistema de tratamento, conectar o tratamento, mais de 12 milhões de pessoas. A nossa expectativa é que, até o final dessa década, a gente já tenha completado o sistema de saneamento aqui na região metropolitana de São Paulo. Tem muito trabalho ainda nos próximos anos”, disse Andreia Ferreira.
Fonte: G1